quarta-feira, 17 de setembro de 2008

LITERATURA TRADICIONAL POPULAR NO ALCAIDE

A MONDA DO LINHO

Um dia, em eras passadas, quando ainda se semeava linho, uma mulher, dada a paródias, tinha um campo de linho para mondar. Para o trabalho, pediu a três comadres para a ajudarem. No dia combinado, as três comadres apresentaram-se na casa da comadre, dona do linho, para irem ao trabalho. Conversaram um bocado e a comadre foi buscar um garrafão de vinho, pão e presunto da sua lavra, para merendarem depois da monda.

Conversa puxa conversa, uma das comadres ajudantes, olhando para o vinho e o presunto, com pouca vontade de trabalhar, disse:

- Ó comadre! É melhor nós irmos merendar, primeiro!

- Ná! É melhor irmos já ao trabalho! Porque, depois, da barriga cheia, pouco se faz!

As comadres, que iam ajudar, olharam-se e disseram, à vez, em relação às ervas que enxameavam o linho, porque queriam era comer, não lhes apetecendo arrancar ervas.

Primeira comadre:
- Ó comadre! O corriol vai ao lençol! (Está rasteiro, não faz mal ao linho)
Segunda comadre:
- A margaça dá-lhe graça! (Só chega a meia altura do linho, não faz mal)
Terceira comadre:
- Ó comadre! O pimpilro está erguido! (Está alto, não faz mal)
Assim, convencida a comadre dona do linho a merendarem primeiro, as comadres comeram e beberam e o linho lá ficou por mondar, à espera de melhores dias.



Corriola - Convulvulus arvensis L


Margaça - Authemis cotula L.



Pampilho - Chrisanthemum segetum

Narrado por João Salvado Querido, 70 anos, 2001, em Alcaide-Fundão.

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