quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

REGICÍDIO DE 1 DE FEVEREIRO DE 1908

ALBANO MENDES DE MATOS


A morte de El-Rei D. Carlos I, cujo centenário foi assinalado recentemente, ficou assinalada na Literatura Popular, como evidencia uma composição, denominada romance, cantada na aldeia de Alcaide (Fundão), por algumas pessoas idosas, especialmente por Laura Saraiva, antiga moleira, excelente cantora de romances e de modas tradicionais, que tinha na memória uma verdadeira biblioteca. No ano de 1987, do século passado, Laura Saraiva, com 100 anos, cantou a composição a seguir transcrita.




MORTE DE DOM CARLOS I

(Romance)


Nobre e velho Portugal,

Cheio da nossa paixão;

Ai, mataram o teu rei,

Numa dolorosa traição.

No dia primeiro de Fevereiro

Pelas cinco horas da tarde;

Assassinaram Sua Majestade,

Senhor Dom Carlos Primeiro.

Vindo este nobre cavalheiro,

Com toda a família real;

Entrando na capital,

Uma descarga lhe atiraram,

Numa onda de sangue,

Ao chão o levaram,

O pobre rei, coitado.

As intenções do malvado,

Saíram de uma multidão,

Com uma carabina na mão,

Ao príncipe descarregou,

Portugal logo de luto ficou

Cheio de dolorosa paixão.

À nobre e infeliz rainha

E ao infante Dom Manuel,

Numa tragédia tão cruel,

Que grande tristeza tinha,

No Arsenal da Marinha.

Ao povo lhe contarei,

Vindo El-Rei de Vila Viçosa,

Numa cena lastimosa,

Ali mataram o teu rei.

Ó que terrível emboscada,

Na Rua do Arsenal,

Em frente ao Ministério da Guerra,

Estão as flores de Portugal.

Estando o povo ajuntado,

Esperando as pessoas reais,

Soldados e oficiais,

Todos em linha formados.

Vêm, então, aqueles malvados,

Com a arma empunhada,

Cada qual bem carregada,

Cada um dos dois disparou,

Portugal de luto ficou,

Na terrível emboscada.

Foi o malvado de um caixeiro,

Alfredo Luís da Costa,

Sem mais acto e proposta,

Matou D. Carlos Primeiro.

Outro mais vil e traiçoeiro,

Atirou ao Príncipe Real,

Um corajoso oficial,

Deu-lhe também uma cutelada,

Sua vida foi prostrada

Na Rua do Arsenal.

Manuel Buiça, professor,

Dava escola no Arsenal de Lisboa,

Sem dúvida, a mais vil pessoa,

Um ingrato e vil traidor.

Mas quem mata o seu Senhor,

É mais vil que o pó da terra,

Onde a malvadez se encerra.

Em tão maldoso coração.

Estes atentados se dão

Frente ao Ministério da Guerra.

Para o Príncipe D. Luís,

Vinte e um anos contava,

A pouca sorte o esperava,

Numa morte tão desinfeliz.

Sua mãe ainda quis

Que recebesse a Santa-Unção,

Mas quando chegou o capelão,

Tinha dado os últimos suspiros,

Ambos receberam dois tiros,

Na mais horrenda traição.

Aquele pobre Dom Carlos,

Aquele grande ciddadão

Mataram-no com dois tiros,

Que mal fazia ele à Nação!

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial